LOOP INFINITO

LOOP INFINITO CAP. I


Dia 02 de jaaneiro de 2021.

Caminhando pelas ruas coloridas e iluminadas de Soho, ao som de “Shelter”, aquela velha música que eu ouvia quando íamos a praia, bem, eu vi um vulto do que poderia ser a foto de nós em um futuro há muito perdido no passado. Como em um bater de asas, como que com apenas uma única

foto, o mundo se contorceu, e antes que eu pudesse dizer a você que não fiz nada por vontade própria, já havia me perdido outra vez.


Desculpa, mas, não foi nada contra o que éramos. Eu não pude controlar, não dessa vez. Quando eu vi, meus olhos estavam escuros, com manchas vermelhas, como se o sangue do meu corpo houvesse aceitado que poderia ir contra a gravidade. Um zumbido, como se uma bomba houvesse estourado ao meu lado. De repente, eu me achava deitada em uma rua vazia de Paris. Havia te perdido novamente.

E como eu sei disso? Eu segurava sua mão quando aconteceu. E ainda a segurava quando eu levantei em choque do chão de paralelepípedos gelados, cobertos de neve. Eu te matei sem que eu pudesse evitar. Acreditei por muito tempo que eu estava doente. Que eu estava possuída por foças do mal. 

Quando, na verdade, tudo não passava de um efeito borboleta.

Eu estava amaldiçoada e descobri da pior forma possível. Assassinando a única pessoa que eu tinha no mundo. Contudo, eu não poderia voltar no passado e consertar as coisas? Passei muito tempo procurando um modo de poder voltar e evitar o começo dessa minha maldição, usaria ela contra ela. Contudo, não poderia ser assim tão fácil, não é mesmo?

Depois de muito tempo, viajei dentro da minha própria história diversas vezes, vi como algumas coisas não mudavam, no entanto, outras mudavam com uma facilidade imensa. Tentei entender o que se passava comigo enquanto volta no passado para tentar mudar o que tinha acontecido, porém, não achei resultado. Não até agora.

E eu que não acreditava na teoria do caos, percebi que minha inteira mudou com um simples bater de asas de uma pacata borboleta, mas, claro, eu não como tudo isso aconteceu. Eu não consigo me lembrar das coisas depois que eu apago. Na verdade, eu nem posso controlar para onde vou. Eu preciso encontrar o início de tudo.
Eu preciso voltar para o meu quarto.
Dia 02 de dezembro de 2017

Eu não entendia o que ele queria dizer com tudo aquilo. Cater saiu do quarto como se a culpa fosse minha, o Xbox é meu, a TV é minha, então, ele levanta da cama e atira o MEU controle no tapete, e tudo isso porque perdeu uma partida de futebol. Que machista. Me levantei rápido e bati a porta do quarto.
– Nem adianta pedir desculpas, você quase quebrar o meu controle. Não devia jogar se não sabe perder.
– Vai se ferrar. Você roubou- Eu ouvi ele gritar enquanto descia as escadas para ir a cozinha.

Desliguei o Xbox e fui tomar um banho. As férias em casa estavam sendo maravilhosas, contudo, não dava para desfilar somente de blusa pela casa, como minha irmã fazia as vezes. Ela se esquecia que tínhamos homens em casa. Papai sempre odiou esse tipo de comportamento, mas fazer o que, Jasmine era mesmo sem noção. Incorrigível. Depois de dez minutos debaixo do chuveiro, ouvi de longe a porta do quarto se abrindo. E sem muitas demoras a porta do banheiro também. Cater entra com cara de zangado. Sempre que ele se zanga ele não gosta de falar, apenas acena ou mexe as sobrancelhas. O que, particularmente, eu acho uma pura idiotice. Mas, cada um com suas manias. E claro que eu não estava zangada de verdade, contudo, ele estava. Todavia, isso não foi o suficiente para ele não tirar sua roupa e entrar debaixo da água morna comigo. Claro, eu não convidei. Eu precisava muito lavar meu cabelo. E claro, não dá para fazer isso com um cara de um metro e oitenta, braços fortes e compridos a te segurar por trás.

Depois de um banho ultra relaxante de quarenta minutos, resolvi descer para jantar. Papai estava deitado na sala assistindo futebol. O Chelsia parecia que ia ganhar o Manchester no clássico inglês. Se Cristiano Ronaldo ainda fizesse parte da equipe, Drogba não teria a menor chance. As reineken caiam sobre o tapete vazias, enquanto isso, mamãe fingia que torcia para alguém. Ela queria assistir Dr. House. Eu não sei porque eles brigam tanto pelo controle dessa TV, afinal, nós temos nove televisões em casa. O tamanho da TV da sala, onde papai assistia o futebol é de cinquenta e duas polegadas, mas acredito que cinco polegadas não fazem tanta diferença assim. Bem, de qualquer modo, já tentei explicar isso para eles várias vezes. Inutilmente.
– Pai. Eu queria pedir um favor. – Falei abraçando eo velho e dando um beijo de estrar os lábios em sua bochecha lisa.
– Diga, meu bem. O que você quer desse pobre velho?- A ironia na voz do meu pai era tão explicita que não me restou outra alternativa a não ser, fazer beiço e cara de chorona.
– Me empresta se carro amanhã?
Papai tem um conversível da Ferrari. Ele ama esse carro. Eu tenho o meu, mas estava no mecânico. A princípio, um prego na rua entrou e caiu dentro do motor, não faz nenhum sentido isso, mas foi o que o mecânico disse. Eu precisava ir em uma festa e precisava do carro. Noites de meninas da faculdade.
– Humm… o carro? Sei. – Ele respirou. Tomou um longo gole de sua cerveja. Ele estava medindo as coisas, estava vendo as chances do carro chegar inteiro, ou mesmo tomando coragem para me dar as chaves.-  Vai aonde com  ele?
– Em uma festa da faculdade. – Falei o mais normal possível.
– E vai me devolver que horas? – Ergueu as sobrancelhas. É a deixa. Ele vai me arranjar o carro.
– Assim que voltar. Talvez meia noite. Vou tomar conta dele. Ah, e não vou beber. Muito. – dei um sorriso de orelha a orelha. Acho sempre muito divertido ver meu pai tentando me negar algo. Parece que ele vai ter um ataque.
– Ah. Ta bom. Pegue. Eu sei que você sabe que eu ia te dar mesmo. Sua bandidinha. – Ele me puxou para um abraço forte e gritou um palavrão logo em seguida, o Chelsia fez pênalti.
Nessa mesma noite, antes de sair. Eu senti um enjoo forte, mas claro, sabia que não estava gravida. Minha menstruarão não estava atrasada.  Abri a garagem e entrei no carro. De repente, minha vista começou a embaçar e fiquei tonta. Não poderia ser. Então tudo aconteceu rápido. Nosso cachorro entrou na garagem e derrubou a caixa de ferramentas do papai. Vários pregos caíram sobre o capô. Minha cabeça doeu e minhas mãos ficaram geladas. Pensei que fosse desmaiar. Então tudo parou. Acordei deitada em um quarto que não me era de todo familiar.

O que está acontecendo? Onde estou? Como eu vim parar aqui?
– Ei, Lore. Acorda. A prova começa daqui a meia hora. Você acredita que aquele safado do Fred não respondeu minha sms? Nem na face. Que safado.
– Clarice? É… é… Você mesma? – Minha cabeça ainda doía um pouco, e eu estava meio enjoada ainda, desorientada. E sem saber como, como havia parado ali com Clarice, minha colega de…
– Lore, você bebeu muito, ne? A calourada lembra?
– Onde estamos? – perguntei tentando me acalmar, porém, com muito medo da resposta dela.
– Ai-meu-Deus! Você usou alguma droga, Lore? É claro que estamos no campus, na faculdade não mesmo? – Ela disse com seu rosto em cima de mim.
– Que… que ano? Em que ano estamos? – Eu perguntei. Minha boca seca. Eu sabia em que ano estávamos, mas, não queria, não podia. Não. Eu preciso acordar.
– Você não tá bem mesmo. Bateu a cabeça? É claro que estamos em 2014, em que ano achou que estávamos?
Nessa hora, não consegui pensar em mais nada. A dor de cabeça foi muito forte. Desmaiei.  
–   

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